sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Tópico 2 : O Vídeo na sala de aula - Grazielle Aparecida


          
O contexto educacional brasileiro nas últimas décadas passou por intensas mudanças em sua estrutura organizacional, política, didático – pedagógico, introduzindo novas concepções de ensino – aprendizagem no âmbito escolar.
Em meio à globalização e os avanços tecnológicos que evoluíram velozmente, o ato de “educar” se tornou cada vez mais dinâmico e complexo, exigindo da escola a promoção de uma educação cidadã, crítica, de formação integral do aluno.
No presente cenário educativo não satisfatório somente “transmitir” conhecimento de forma fragmentada e descontextualizada, se faz necessário descobrir novas maneiras de ensinar e de aprender. A escola deve contemplar práticas de responsabilidade social, possibilitando a formação de indivíduos protagonistas da sua própria cultura e participantes do processo de transformação social.
Nesse sentido, Freire argumenta “A educação deve ser como prática da liberdade, ao contrário daquela que é prática da dominação, implica a negação do homem abstrato, isolado, solto, desligado do mundo, assim como também a negação do mundo como realidade ausente dos homens” Freire (1997 apud LIMA, 2010, p. 2).
Nesse movimento de reconfiguração do trabalho docente, é relevante salientar que as tecnologias, através dos inúmeros recursos midiáticos, favorece uma aprendizagem real e significativa.
Diante desse contexto, as tecnologias são só apoio, meios, porém elas proporcionam a realização de atividades mais atraentes, mediadas pela aquisição da linguagem tecnológica, de maneira a estabelecer uma relação produtiva, entre o aprendizado, escolar e o contexto sócio - cultural.
Segundo Perrenoud (2000, p.139), “As novas tecnologias podem reforçar a contribuição dos trabalhos pedagógicos e didáticos contemporâneos, pois permitem que sejam criadas situações de aprendizagens ricas, complexas, diversificadas”.
Com relação especificamente ao uso do vídeo em sala de aula, Moran (1995), destaca que a sua utilização auxilia o professor, atrai os alunos, aproxima as práticas escolares do cotidiano, mas não modifica substancialmente a relação pedagógica.
O autor apresenta em seus estudos alguns equívocos/contradições que muitos docentes e outros profissionais da educação remetem sobre o uso deste recurso em sala de aula:

  • a) Vídeo tapa-buraco: colocar vídeo quando há um problema inesperado, como ausência do professor. Usar este expediente eventualmente pode ser útil, mas, se for feito com frequência, desvaloriza o uso do vídeo e o associa - na cabeça do aluno - a não ter aula;
  • b) Vídeo - enrolação: exibir um vídeo sem muita ligação com a matéria. O aluno percebe que o vídeo é usado como forma de camuflar a aula. Pode concordar na hora, mas discorda do seu mau uso;
  • c) Vídeo - deslumbramento: o professor que acaba de descobrir o uso do vídeo costuma empolgar-se e passar vídeo em todas as aulas, esquecendo outras dinâmicas mais pertinentes. O uso exagerado do vídeo diminui a sua eficácia e empobrece as aulas;
  • d) Vídeo- perfeição: existem professores que questionam todos os vídeos possíveis, porque possuem defeitos de informação ou estéticos. Os vídeos que apresentam conceitos problemáticos podem ser usados para descobri-los junto com os alunos, e questioná-los;
  • e) Só vídeo: não é satisfatório didaticamente exibir o vídeo sem discuti-lo, sem integra- ló com o assunto de aula, sem voltar e mostrar alguns momentos mais importantes.
Moran ainda apresenta propostas de utilização do vídeo de forma mais coerente em sala de aula:
  • a) Começar por vídeos mais simples, mais fáceis e exibir depois vídeos mais complexos e difíceis, tanto do ponto de vista temático quanto técnico;
  • b) Vídeo como sensibilização: um bom vídeo é interessantíssimo para introduzir um novo assunto, para despertar a curiosidade, a motivação para novos temas.
  • c) Vídeo como ilustração: o vídeo muitas vezes ajuda a mostrar o que se fala em aula, a compor cenários desconhecidos dos alunos.
  • d) Vídeo como simulação: o vídeo pode simular experiências de química que seriam perigosas em laboratório ou que exigiriam muito tempo e recursos.
  • e) Vídeo como conteúdo de ensino: vídeo que mostra determinado assunto, de forma direta ou indireta. De forma direta, quando informa sobre um tema específico orientando a sua interpretação. De forma indireta, quando mostra um tema, permitindo abordagens múltiplas, interdisciplinares.
  • f) Vídeo como produção: como documentação, registro de eventos, de aulas, de estudos do meio, de experiências, de entrevistas, de depoimentos.
Nessas considerações, pode – se concluir que o uso do vídeo em sala de aula quando trabalhado de forma apropriada torna-se uma importante ferramenta no processo ensino-aprendizagem, aproximando os saberes da escola e saberes do mundo, visto que contempla a construção e socialização de muitos conhecimentos, além de promover a inserção social dos atores envolvidos, principalmente a inserção social dos discentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
LIMA, R. P. O vídeo na sala de aula: breve reflexão a partir das contribuições de Mário Kaplún e Paulo Freire. Disponível em: http://www.aic.org.br/metodologia/o-vídeo-na-sala-de-aula.pdf. Acesso em: 10 fev. 2010
LIMA, Artemilson Alves de. O uso do vídeo como um instrumento didático e educativo: um estudo de caso do CEFET-RN. Florianópolis, 140f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de produção) - programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção. UFSC, 2001.
PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
MÓRAN, José Manuel. O vídeo na sala de aula. Comunicação e Educação, São Paulo, (2): 27 a 35, jan./abr. 1995. 

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